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Diante do cenário de tensão internacional acometido pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, há alguns questionamentos acerca dos impactos no Comércio Exterior Brasileiro, como a possível alta do preço de alguns produtos comercializados nessas operações entre os países.

Desde o início do conflito, diversas sanções foram e estão sendo impostas por Países Europeus, lideradas pelos Estados Unidos, a fim de isolar o país do restante do Comércio Internacional, como a suspensão do transporte marítimo, compra e venda de produtos Russos e bloqueio de contas e financiamentos bancários. 

Neste artigo, discorreremos sobre as consequências do conflito para o Comércio Exterior Brasileiro, uma vez que as importações da Rússia de fertilizantes representam grande parte da categoria. Acompanhe abaixo para saber mais detalhes!

O Comércio Exterior Brasileiro e as dificuldades durante o Conflito

Até o momento, não foram explicitadas dificuldades pelos exportadores à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint). Assim, não houve ainda impacto relevante no Comércio Exterior Brasileiro. 

De acordo com José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), como a Rússia representa apenas 0,6% do mercado externo brasileiro, as exportações podem ser destinadas a outros países. 

A participação Russa é maior na compra de carnes, por exemplo, que se encontra em um dos 10 maiores compradores da categoria. Entre os principais itens da pauta de exportação brasileira à Rússia estão soja, carne de frango, café, amendoim, açúcar e carne bovina.

Desde 2008, a participação da Rússia no Comércio Exterior Brasileiro cai. Porém, no ano de 2021, o país foi o 6º maior importador. A preocupação se encontra na importação de fertilizantes da Rússia, país que mais produz NPK.

comércio exterior brasileiro balança
Dados provenientes da SECEX

Importações da Rússia para o Comércio Exterior Brasileiro 

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Dados provenientes da SECEX

Exportações para Rússia do Comércio Exterior Brasileiro

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Dados provenientes da SECEX

As consequências do Conflito

No transporte marítimo 

As maiores empresas no ramo do transporte internacional de containers anunciaram que vão suspender temporariamente as operações de exportação e importação, o que gera atrasos e obstrução no transporte marítimo internacional. 

Segundo a Maersk, a segurança e estabilidade de suas operações já foram afetadas diretamente e indiretamente pelas sanções internacionais, o que motiva a decisão de suspender o transporte marítimo vindo da ou em direção à Rússia. 

A suspensão não afeta o transporte de produtos que podem ser utilizados de forma humanitária, como alimentos e suprimentos médicos. Outras empresas de transporte marítimo também acataram a mesma decisão, como a MSC, ONE e Hapag Lloyd. 

Para a Rússia 

Diversas sanções foram impostas pelos Estados Unidos e outros países da Europa. Entre estas, tem-se o bloqueio do país do sistema Swift, sistema de informações financeiras global que opera e permite operações entre mais de 200 países, impedindo qualquer tipo de negociação e o comércio. 

Ademais, as sanções tem o objetivo político de forçar a negociação com a Ucrânia para um possível cessar-fogo.

“As sanções funcionam como grandes barreiras para reduzir o fluxo de comércio com os parceiros da Rússia. O objetivo econômico é fazer com que a Rússia perca espaço no ambiente internacional”

Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, em entrevista para o Uol Economia

Dessa forma, a Rússia tem menos economias para que compre suprimentos para o conflito e sua moeda, o Rublo, perde valor. Consequentemente, as negociações do país diminuem, o que pode acarretar numa crise profunda. 

Para o Comércio Exterior Brasileiro

A Rússia encontra-se na 35ª posição como maior comprador do Comércio Exterior Brasileiro. De 100 categorias importadas pelo Brasil, apenas 8 são provenientes da Rússia. 

Em suma, fertilizantes e produtos químicos destinados à atividade agrícola brasileira representam cerca de 62% das importações brasileiras da Rússia.

O Brasil importa 85% dos fertilizantes utilizados e a Rússia corresponde a 23% dessas importações – mundialmente é o maior exportador de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio). 

Esses aumentos são refletidos em outras categorias como gasolina, gás natural (combustível que origina também o Nitrogênio) e outros commodities, que sofrerão com preços altos.  

Especialistas temem uma ampliação do mapa da fome devido às dificuldades enfrentadas no Comércio Exterior Brasileiro com Rússia e Ucrânia e é esperado que a inflação provocada por dois anos seguidos de pandemia do Coronavírus seja prolongada. 

Por mais que a Rússia seja um dos maiores produtores desses fertilizantes, analistas de mercado sugerem que essa deve ser a hora apropriada para explorar outros fornecedores – e infelizmente pode significar maiores preços para os agricultores e menores rendimentos das colheitas.

Com a iminente diminuição da produção, os commodities brasileiros tendem a se valorizar no mercado externo e eventualmente o dólar se desvaloriza, com mais lucro ao agronegócio destinado ao Comércio Exterior Brasileiro. 

LEIA TAMBÉM: Balança Comercial 2021: exportações brasileiras

Além disso, com o aumento da cotação do Petróleo, produto que o Brasil exporta bruto e importa refinado – uma vez que não possui estrutura para refinar o que consome, ocorre também o aumento do preço dos combustíveis Diesel e Gasolina, unindo-se aos grandes vilões da inflação brasileira. 

Para o resto do mundo

Para a Europa, o conflito tende a reduzir a atividade econômica. Além disso, pode ocorrer desabastecimento de gás, uma vez que a Rússia é seu principal fornecedor. Para o restante do mundo é esperado que ocorra uma grande recessão econômica, assim como foi durante o conflito de 1990 entre os Estados Unidos e o Iraque. 

A cotação do petróleo do dia 07 de março, por exemplo, já se aproxima (atualmente encontra-se em U$ 140) do valor mais alto já registrado, que é US$ 147,5 de julho de 2008. 

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