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A República Bolivariana da Venezuela está passando por uma das piores crises da história. Inflações altíssimas, desigualdade social, repressão governamental e portas fechadas para o comércio exterior são alguns dos pontos que agravam a crise na Venezuela.

As causas são muitas e os impactos para o comércio internacional podem variar de país para país. O risco de uma intervenção militar se aproxima cada vez mais da realidade, mas será que é a melhor saída?

Pensando em esclarecer suas dúvidas sobre o assunto, elaboramos esse artigo bem completo sobre a crise na Venezuela. Esperamos que goste!

Esse artigo é o último conteúdo da série “Volta ao Mundo” da Conexos. Confira os últimos dois artigos sobre o Brexit e sobre as Guerras Comerciais.

Uma breve retrospectiva sobre a crise na Venezuela

A Venezuela é bastante conhecida mundialmente pelas suas grandes reservas de petróleo e gás natural, o que permeou grandes relações comerciais com grande parte do mundo. Para se ter noção, um terço do PIB da Venezuela vinha da exportação de petróleo e seus derivados.

Crise na Venezuela

Crise na Venezuela

Apesar do petróleo ter sido um acelerador econômico na nação, os efeitos pouco se refletiram na sociedade. Isso porque os recursos do petróleo se dão em forma de royalties e vão direto para o Estado, fazendo ele ser o principal condutor da economia do país.

Hugo Cháves foi eleito com a promessa de tentar mudar a situação. Mas o que era para ser uma boa gestão, se tornou mais uma estatização e mais poder estatal. Empresas petrolíferas privadas foram fechadas (principalmente dos Estados Unidos) e muitas rixas foram criadas.

O presidente bolivariano realmente conseguiu corrigir um pouco da desigualdade do país.

De acordo com dados do coeficiente de Gini, que mede a distribuição de renda, e onde 0 corresponde a uma perfeita igualdade e 1 à perfeita desigualdade, o país ficou colocado, em 2010, em 0,3898, o que representou um incremento da igualdade, com relação ao número de 1999, que foi 0,4693.

Coeficiente de Gini da Venezuela

Coeficiente de Gini da Venezuela

Mas isso em cima de uma gestão estatista e sem grandes aberturas comerciais. Deu certo?

A ascensão de Maduro e o início da crise na Venezuela

Com a morte de Hugo Cháves, um novo precursor de suas ideias assumiu o poder, Nicolas Maduro. Vice-presidente de Cháves na época, ele convocou eleições gerais e conseguiu se eleger para um mandato de 6 anos.

O pleito já na primeira eleição, em 2013, foi suspeito. Henrique Capriles, seu opositor na época, já contestava a eleição de Maduro, que contava naquela época com 64% do apoio da população.

Embora Maduro tivesse essa aprovação popular em seu início, ele herdou as ideias econômicas do chavismo, dificultando ainda mais o comércio internacional e não sabendo lidar com a queda do preço do barril de petróleo.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB per capita do país caiu 35% de 2013 para 2017 e a hiperinflação alcançando a marca de 1.350.000% em 2018.

PIB per capita da Venezuela, Brasil, Chile e Bolívia

PIB per capita da Venezuela, Brasil, Chile e Bolívia

Como a sociedade anda junto com a economia, a crise na Venezuela não foi só econômica, mas também humanitária. Hoje, 48% da população vive em situação de pobreza e Caracas, capital do país, passou a ser uma das cidades mais violentas do mundo.

As eleições de 2018 e o fortalecimento da oposição

Com a ascensão constante da crise, ainda em 2015 houveram eleições legislativas e, pela primeira vez desde 1999, o partido de oposição de Maduro conseguiu a maioria no Congresso. Isso fortaleceu a oposição e fomentou movimentos populares contrários ao governo chavista.

Anos depois, em 2018, as eleições presidenciais ocorreram mais uma vez com suspeitas de fraude. Maduro se elegeu com um pleito em que 70% da população não pode comparecer e grandes líderes opositores não puderam participar da eleição.

A comunidade internacional começou a voltar suas atenções para a Venezuela, com alguns países já definindo o governo como um princípio ditatorial. Maduro não absorveu as críticas e rompeu alguns laços comerciais com esses países, complicando ainda mais o comércio internacional.

Novos movimentos populares foram acontecendo, sob principal liderança de Juan Guaidó, parlamentar de oposição venezuelano.

A autoproclamação de Guaidó e a tensão mundial

Em um dos movimentos de oposição, em janeiro de 2019, Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela com base em algumas interpretações da constituição. Agora, a oposição luta pela saída imediata de Maduro da presidência e a convocação de um novo pleito.

A autoproclamação de Guaidó foi reconhecida por grande parte do cenário internacional. Estados Unidos, alguns países da União Europeia, o Grupo de Lima (alguns países sul-americanos) e até o Brasil, demonstraram apoio ao oposicionista venezuelano.

A tensão da Venezuela se agravou com o fato. Cerca de 77 menores foram detidos nas manifestações políticas de janeiro, além de outros 850 presos políticos por Maduro. A Organização das Nações Unidas já averiguou que ao menos 40 pessoas morreram em protestos de oposição.

Protesto na Venezuela

Protesto na Venezuela

Uma ajuda humanitária de diversos países, incluindo o Brasil, foi programada para o dia 7 de fevereiro. Ela tinha o intuito de ajudar a população marginalizada da Venezuela e foi aprovada pelo autoproclamado presidente interino, Guaidó.

No entanto, nas vésperas dessa ajuda, as fronteiras com a Venezuela foram bloqueadas por militares do país. O Tribunal Supremo de Justiça da  Venezuela também recusou a oferta de ajuda humanitária de outros países.

Impactos da crise na Venezuela no comércio internacional e no Brasil

A crise na Venezuela está trazendo consequências preocupantes para o Brasil. A perda de mercados de exportação, aumento do número de imigrantes e refugiados e desagregação de processos de integração regional são os principais pontos.

Analisando pela questão socioeconômica, a cada mês estamos recebendo milhares de refugiados legais e ilegais em nossas fronteiras. Isso se dá pela grande crise da fome e do desemprego que assola a população venezuelana.

O Brasil, em sua Constituição, deve abrigar os refugiados e prestar assistência total à eles. Contudo, a crise econômica brasileira, que já atingiu 14 milhões de desempregados, dificulta a absorção dos imigrantes no mercado de trabalho.

Nosso país também sofreu reflexos no comércio internacional. Em 2012, no auge do intercâmbio bilateral, o Brasil exportou cerca de R$ 5 bilhões para a Venezuela. Já em 2017, com divergências políticas entre os países, essas exportações diminuíram para R$ 470 milhões.

Algumas possíveis saídas para a crise na Venezuela

Há cada momento um novo acontecimento ressurge e a tensão aumenta. Algumas saídas se mostram prováveis, porém ainda é incerto afirmar sobre o futuro do país. Vamos conhecer algumas delas?

Maduro renuncia e novas eleições são convocadas

Ok, sabemos que pode ser um pouco complicado do Maduro renunciar, ainda mais com a demonstração orgulhosa de bloquear a ajuda humanitária para o país. Mas esse é um cenário que seria considerado o ideal e diplomático.

Em entrevista para a BBC, o atual chefe de Estado venezuelano já afirmou que sua renúncia é algo impensável e que ele está sendo alvo de um golpe estadunidense e da “Klu Klux Klan da Casa Branca”.

Nesse cenário ideal e até então improvável, Maduro renunciaria e Juan Guaidó assumiria a chefia do Estado por um pequeno período, até que novas eleições presidenciais fossem executadas.

Comunidade internacional aguarda novas eleições com mais atenção para fraudes

Um outro cenário mais pacifista, porém não tanto eficiente, seria esperar as novas possíveis eleições do país em 2024 e observar de perto se todos os trâmites eleitorais ocorrerão nos conformes legais.

Essa saída não é a mais requisitada por não levar em consideração a enorme crise humanitária que o país está vivendo. Ignorar milhões de pessoas em situação de extrema pobreza é algo impensável para a comunidade internacional no momento.

Maduro retirado à força do poder da Venezuela

Outro cenário que está saindo do espectro lúdico e cada vez mais entrando em pauta é a de uma possível intervenção militar externa na Venezuela.

Tendo como principal fomentador o Donald Trump, a intervenção militar entrou em pauta nas principais potências  mundiais e na ONU nos últimos dias. Alguns países como Rússia e China imediatamente já se opuseram à medida.

Crise na Venezuela

Crise na Venezuela

Brasil, União Europeia e o Grupo de Lima (composto por países sul-americanos), que já se declararam oposição ao governo de Maduro, também se opuseram à uma intervenção militar.

Mesmo assim, segundo analistas americanos, as chances de uma intervenção americana no país venezuelano só aumentou depois da recusa de ajuda humanitária em fevereiro. E apesar da recusa da grande maioria oposicionista de Maduro, sabemos que em momentos de tensão tudo pode mudar.

Nesse cenário, haveria um embate militar entre grandes potências sem possibilidade de recuo por parte da Venezuela. Também na entrevista da BBC, Maduro afirma que se os EUA intervir militarmente, as tropas venezuelanas estarão prontas para defender seu povo e a “democracia” do país.

Agora que você já tem essas informações sobre a crise na Venezuela, qual saída você acha que esse conflito irá ter? Deixe um comentário aí embaixo sobre a sua opinião.

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